segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Mais 3

A tristeza

A tristeza é minha companheira
Nas horas em que escurece o mundo
Me deixando na rua sem beira
Pois a eira foi perdida à um segundo

Mas, às vezes, vem a felicidade
Me entristecer com sua presença
Pois logo depois só resta a saudade
Por mais que eu professe uma crença

Dias modernos

A chuva da manhã molha a grama
Pegamos direto do pé a uva
O ar puro enche os corações
E nos banhamos na água do mar

Irrigadores que não fazem lama
No mercado comprar o suco de uva
Poluição a nos corroer os pulmões
E na sujeira do oceano se afogar.


Alma do poeta

Imagine se todas as palavras
E dialetos se tornassem inúteis
Não poderiam mais estas larvas
Corroerem a carne dos seres fúteis

Se todo verso se tornasse prosa
Toda retórica aniquilada fosse
Seria do léxico a verdadeira tosa
E levaria embora a riqueza que trouxe

Se toda canção se tornasse fel
Todo o farfalhar em quietude
Não mais pássaros se veria no céu
E acabaria com toda espontânea atitude

Mas na alma do poeta há canção
Há flores, paixão, amor, louvor
O suficiente para alegrar o coração
Até do envolto no mais profundo torpor