sábado, 27 de outubro de 2007

O Aluno - Traduzido de W. Blake

O Aluno

Tradução: Marcos, Ana Lúcia, Tânia e Mariane

 

Gosto das manhãs de verão

Que as aves cantam nas árvores,

Distante o caçador toca sua buzina

E canta comigo a cotovia.

Oh, que bela companhia!

 

Mas ir à escola numa manhã de verão,

Oh! Destrói todo o contentamento;

Sob olhares cruéis e ultrapassados,

Gastam o tempo os pequenos

Em suspiros consternados.

 

Ah! Às vezes sento curvado,

E vejo longas horas passar,

Nem em meus livros sinto agrado,

Nem à sombra do conhecimento ficar,

E a chuva monótona me esgotar

 

Pode um pássaro que nasceu para alegrar

Estar em uma gaiola e cantar?

Como uma criança, quando o medo ameaçar

Pender suas tenras asas

E esquecer sua primaveril juventude

 

Oh!, Pai e mãe, se é cortado o botão,

Soprados florescerão ao longe

Se tenras plantas destituídas são

Por tristezas e consternação

Da alegria de um dia primaveril,

 

Como poderá o verão alegre chegar

Ou seu fruto aparecer?

Ou como juntaremos o que  o pesar destrói,

Ou pelo ano tranqüilo graças dar,

Quando o vento do inverno soprar?

The School boy

I love to rise in a summer morn
When the birds sing on every tree;
The distant huntsman winds his horn,
And the skylark sings with me.
Oh, what sweet company!

But to go to school in a summer morn,
Oh! it drives all joy away;
Under a cruel eye outworn
The little ones spend the day
In sighing and dismay.

Ah! then at times I drooping sit,
And spend many an anxious hour;
Nor in my book can I take delight,
Nor sit in learning's bower,
Worn through with the dreary shower.

How can the bird that is born for joy
Sit in a cage and sing?
How can a child, when fears annoy,
But droop his tender wing,
And forget his youthful spring?

O, father and mother, if buds are nipped
And blossoms blown away,
And if the tender plants are stripped
Of their joy in the springing day,
By sorrow and care's dismay,

How shall the summer arise in joy,
Or the summer fruits appear?
Or how shall we gather what griefs destroy,
Or bless the mellowing year,
When the blasts of winter appear?

"De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zêlo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e darramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contetentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, pôsto que e chama
Mas que seja infinito enquanto dure."

Vinicius de Moraes - Soneto da fidelidade