quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Verdade

Coloque a sua mão sobre a minha
e voemos para o horizonte azul
Desnudemos a alma sobre a vinha
e nos refestelemos neste corpo nu

Coberto com a bruma espessa
que nos envolve por inteiro
Sabemos que o que não cessa
é a ocorrência do amor verdadeiro

Invernal

Ao tocar seu rosto pálido
penso em como neste instante
sinto-me de repente esquálido
e com o pensamento errante

Sua boca atiça o olhar
seus olhos enchem o paladar
Seu corpo aviva opensamento
e me perco só por um momento

Queira eu estar ao seu lado
nas manhãs de inverno frias
Sussurando-lhe ao ouvido um fado
Preenchendo suas noites vazias

Como escrever poesias?

Escrever poesias é sofrer
as incompletudes da língua
Parte de nós que deve assim morrer
quando a emoção deixada é à míngua

É brincar com as palavras feias
e às bonitas restaurar o brilho
emaranhá-las numa perfeita teia
colocando-as como ao trem no trilho

É sentir a falsa dor pungente
que nos assola a mente e a alma
É entender que em toda a gente
não há um a quem pertença tal calma

É fazer das tripas um coração
espremendo a dor na alma sentida
Em versos transformando como canção
esvaziando-se de sua própria vida.

Veneno puro

Das ruas longínquas e escuras
traçam rotas toruuosas e duras
Trazendo o veneno do Oriente
Que contamina até a alma da gente

Cifrões alados passam à fronte
Obscurecem o nosso pensamento
Oxalá seja esta a vera fonte
que nos envolva a todo momento

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Futuramente


Crianças soltas num deserto
Brincando com a pura matéria
Seriam elas que as mantém perto
Ou seria uma força etérea

Falam elas de um futuro
Que tarda a nós chegar
Fiquemos então neste duro enduro
Que é o caminho da vida trilhar

Teriam elas vontade certa
Ou seria como uma bruma
Levando a divindade incerta
Que na proa não se apruma?

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Ser errante



Deslizo os dedos em sua pele
Trazendo emoções à alma
Que este gesto nos sele
Promessas de impecável calma

Cançoes perdidas ao acaso
Livros não-lidos decerto
Moldam nosso inerte caso
E levam a ilusão pra perto
 

Orvalho cintilante que queima
Molhado ao som desse fogo
Que talvez nos desnude e trema
Ao lamber das flamas deste jogo. 


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

De tudo fica um pouco


De tudo fica um pouco
(Marcos Nunes)



De tudo, fica um pouco
Na hora da despedida
Eu posso até ficar louco
Ao ver a hora da partida

Pessoas que vem e que vão
Deixando em nós um pouquinho
Destes, amigos também são
Que não me deixam sozinho

Saberes levados na mente
Amigos nos dando as mãos
Segredos trocados com a gente
Nos tornando como irmãos

De tudo fica um pouco
Um pouco se faz do nada
Posso até ficar meio rouco
Ao final desta jornada

Levando conosco o saber
Deixando a saudade sofrida
Vamos conseguir então viver
Sem os amigos em nossa vida?

Deixemos por ora a lembrança
Dos tempos inesquecíveis
Em que dentro de nós, a criança
Pulava montanhas incríveis

Quero eu voltar atrás
E fazer tudo de novo
Talvez isto me deixe em paz
E em contato com este povo

Povo este que nos lidera
Para ao saber alcançar
Mostrando o que nos espera
Quando o final alcançar

Obrigado agora digo
Com lágrimas a rolar
Espero um dia contigo
A este caminho retornar.

Trazendo a felicidade
Do retorno à casa mestra
Do saber e da bondade
Do amor, vigor e festa

Até logo, querido amigo
Espero um dia te encontrar
E de tudo, um pouco contigo
Quero no coração guardar